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Bactérias longe da cozinha

Bactérias longe da cozinha

Pesquisadoras da UnB mostram como evitar que  bactérias se multipliquem nos alimentos.


Um verdadeiro criadouro de fungos e  bactérias pode ter se instalado na cozinha de sua casa. Mantê-la completamente  livre dos microrganismos é humanamente impossível – segundo estudiosos, nem  mesmo a sala de cirurgia de um hospital confiável consegue ficar totalmente  limpa. Mas os riscos de contrair uma infecção por bactérias que causam doenças  podem ser reduzidos em até 99% se algumas práticas cotidianas passarem a ser  adotadas. As dicas são das pesquisadoras do Laboratório de Higiene de Alimentos  do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB) Yolanda Silva de  Oliveira, Maria Cláudia da Silva       e Adriana Pereira de Lima.
Para as especialistas, é importante  as donas de casa perceberem que higiene de alimentos não se reduz apenas à  limpeza, mas a todos os processos que evitam a contaminação da comida. “Isso  inclui o momento da compra, o cuidado com os atos de congelamento e cozimento,  e claro, a limpeza em si”, diz a professora Yolanda, que chefia o laboratório.  As principais dicas foram reunidas nos tópicos abaixo:

LIMPEZAEsqueça os panos de secar a pia. De preferência,  aposente até o pano de prato. Esses tecidos apresentam condições ideais para as  bactérias se proliferarem, principalmente quando ficam úmidos por muito tempo.  As pesquisadoras da UnB sugerem em substituição a ele, o uso do rodo de pia,  de toalhas de papel para secar as mãos durante o preparo de alimentos e do escorredor  de pratos.
Outro material que deve ser abolido  da cozinha é a madeira, que tem de ser substituída pelo plástico branco.  Portanto, a velha colher de pau, a tábua de carne e até o rolo de macarrão  precisam ser trocados. “A madeira acumula matéria orgânica e absorve umidade, o  que é favorável para a multiplicação das bactérias. Além disso, não há como  desinfetar objetos a base de madeira porque a umidade fica retida neles”,  explica Adriana.
Na hora de lavar a louça, lembre-se  que o detergente apenas desengordura o utensílio, mas não mata os germes. A  morte dos microrganismos se dá com água recém fervida ou com o uso de cloro,  encontrado nas águas sanitárias. Não se esqueça de olhar no rótulo do produto a  quantidade recomendada para essa limpeza. “Em casa,  esses cuidados são  indicados apenas em situações especiais, como por exemplo com criança pequena,  idoso ou doente”, defende. Ela também propõe que o ideal é lavar primeiro os  copos, para que a gordura dos pratos e panelas não passe para eles pela esponja,  e que esta última deve ser trocada em média depois de uma semana de uso.
PREPARO – Não precisa nem dizer que as mãos de quem prepara  os alimentos devem estar sempre limpas. Para isso, além de lavá-las  constantemente, evite usar a lixeira de pia. Fatalmente, você vai  precisar abrir a tampa e contaminará as mãos ao encostar na sujeira. Pelo mesmo  motivo, opte sempre pelos lixos de pedal na cozinha.
Evite também os ovos crus. Alguns deles apresentam na gema a bactéria Salmonella,  que provoca infecção intestinal. Como não é possível saber qual possui esse  microrganismo, não dá para se arriscar ao fazer maionese caseira ou ovo frito  com gema mole. Para se prevenir, também esqueça aquele glacê preparado com a  clara batida – existem casos de infecções provocadas por esses merengues em  bolos de casamento e até de festa infantil.
Não use vinagre para desinfetar  frutas e verduras, o produto não é  recomendado para essa função. Nesse caso, a melhor opção é a água sanitária.  Mas fique atento, existem vários tipos desse produto a venda no supermercado e  nem todos podem ser usados em alimentos. É preciso ler o rótulo antes para saber qual é o indicado. Além disso, siga à risca as instruções sobre a  quantidade de água a ser aplicada, ou sua família pode correr o risco de sofrer  uma intoxicação.
Outra dica importante é não  servir carnes mal-passadas. Elas podem conter bactérias. No caso da carne  de frango, ficar atento, pois eles só ficam prontos quando começam a soltar do  osso. Em geral, o ideal é comer o alimento preparado na hora. Mas, caso  a sua família não almoce reunida, evite deixar a comida por muito tempo em cima  do fogão. “Se a refeição ficar muito tempo à temperatura ambiente, pode haver a  multiplicação de bactérias que estragam o alimento ou causam uma infecção  gastrointestinal.”, ensina Maria Claudia. Por esse mesmo motivo, não se deve  comer o alimento frio ou morno. Por exemplo, o arroz retirado da geladeira deve  ser completamente aquecido, praticamente até ferver.
GELADEIRA – Ela diz que quando a comida fica morna, é preciso  reaquecer ou então guardar em potes plásticos na geladeira. Não é preciso  esperar a comida esfriar para guardar na geladeira. “Isso era feito  antigamente porque as geladeiras não davam conta de refrigerar o pote quente.  Hoje, não é mais necessário e ainda é mais recomendado guardar a comida ainda  quente, que não dá tempo para as bactérias ficarem na temperatura ambiente”.
Na geladeira, os alimentos devem ser  guardados na posição correta. Produtos prontos para ser consumidos  devem ficar nas prateleiras de cima; os quase prontos, ou seja,  aqueles que vão precisar ser cozidos antes do consumo ficam no meio; e os  alimentos crus (carnes ,frango) que serão descongelados devem ser colocados na  prateleira de baixo. “Isso serve para que um alimento que esteja descongelando   não possa contaminar aquele pronto para consumo”, esclarece Yolanda.
Ela também explica que as vasilhas de comida que vão à geladeira não podem estar muito cheias, nem  completamente cobertas por um pote colocado sobre elas. Caso os potes tenham o  mesmo tamanho, o ideal em vez de empilhados é que eles sejam colocados em  formato de cruz. Isso evita que o alimento demore a esfriar e que as bactérias  cresçam. E, deixe a preguiça de lado: não guarde a panela de comida na geladeira porque ela não veda direito e é difícil refrigerar. Também não demore para  guardar os produtos perecíveis após chegar do supermercado.

DESCONGELAMENTO – O descongelamento da comida (frango, carne etc.) deve  ser feito dentro da geladeira. Evite deixar à temperatura ambiente durante toda  a noite ou então descongelar na água. Em situações de emergência, é preferível  preparar o alimento congelado, tomando cuidado para que ele seja totalmente  aquecido, até mesmo o centro, que costuma demorar mais.
COMPRA – Na hora das compras, outras dicas são importantes. Ao  adquirir um produto, é indispensável prestar atenção na sua procedência. Leia sempre os rótulos, verifique nas embalagens a data de validade e confira os carimbos de aprovação dados pela Vigilância Sanitária ou  outro orgão fiscalizador como Departamento de Defesa Agropecuária e Inspeção de  Produtos de Origem Vegetal e Animal (Dipova), Departamento de Inspeção de  Produtos de Origem Animal (Dipoa) ou Serviço de Inspeção Federal (SIF) .  Exemplo: nas carnes, o carimbo é roxo.
Evite as latas que estejam amassadas, estufadas ou enferrujadas. Já as  comidas refrigeradas no supermercado devem ficar numa temperatura abaixo de  5ºC. Quanto aos congelados, o ideal é que eles estejam completamente  duros e as caixas não podem estar molhadas ou deformadas.
“Quando você encostar no produto,  não pode sentir nada mole e também não pode ter sangue envolta das carnes, pois  significa que em algum momento ela foi descongelada e isso cria condições de  temperatura para as bactérias se multiplicarem”, afirma Adriana. Alimentos perecíveis devem ser os  últimos a entrar no carrinho. Isso vale para frangos, queijos, congelados e  refrigerados em geral.   Aquelas que costumam passar no supermercado antes de buscar  os filhos na escola ou praticar alguma outra atividade, devem ter sempre no  carro um isopor com gelo ou uma bolsa térmica para conservar a temperatura dos  alimentos. Essa é a maneira de evitar que os microrganismos se desenvolvam à  temperatura ambiente.
Fonte e contato:       Maria Claudia da Silva, Yolanda de Oliveira e Adriana de Lima pelo telefone:  (61) 3307.2547 ou pelos e-mails mariaclaudia@unb.br, yolanda@unb.br ou nut@unb.br.       (Texto produzido pela Assessoria de Comunicação Social da UnB)
Imagem: Roger McLassus – www. commons.wikimedia.org

ATENÇÃO: A responsabilidade deste artigo é exclusiva de seu respectivo autor     (fonte ou fontes).

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